Mariposa
(butterfly)
She gets a new skin
She gets herself a new life
And arises like a butterfly
From the skin she left behind
Devagar bem de mansinho
Procurando o meu caminho
Aguardando e sucumbindo ao temor
Que à noite eu sinto
E a voz que se ilumina
Que demora a acordar
Cambaleia, é menina
E semeia já não quer parar
Se hesita com receio
Não dá conta do seu avançar
É mais forte o seu desejo
E a vontade de caminhar
O silêncio se duvida
Como um grito abafa a canção
É também cheio de vida
E o seu eco uma inspiração.
Do viver, do dia-a-dia
Se ergueu esse caminho
O sonho se fez destino
Fez-se som, muito amor e alegria
Muito verde com dourado
Se reveste, se refaz
E se ergue mariposa
Dessa pele que deixou pra trás
Feiticeira se aconchega
Se apronta, lava o coração
Fica olhando como é meiga
Como aquece horas de solidão
Desordeira vai levando
Vai com rasto de choro e perdão
E a voz segue sonhando
Se endireita e se faz canção.
Clara
This ancestral shout
It’s like a sign for me
This girl has bits of us all,
bits of our awaiting
Of our rocks and trees
She has a bit of south, a bit of north
A bit of there and a bit of here
And a bit of myself as well
Esse romper
Grito ancestral
É um sinal p’ra mim
Cheia de nós
De nossa espera
Penedos e capim
Tanto de sul
Norte também
O que essa menina tem!
Um pouco de lá
E um pouco de cá
E um pouco também de mim
Vai-se estrear
Ou recomeçar
E a vida se renova assim.
Voando
(Flying)
I jump, I rise, its so easy to fly
Time goes by,
but stubbornly I keep searching for a place
Who can stop the time?
Who can stop the crying?
So I run and I sing and I fly and I fly
Will I want to stay once I arrive?
A porta aberta, é só entrar, pois é
A mesa e o cheiro a cal e mais
Tinto mel e o chá
Coisas que a terra dá
Grato peso no meu cais
Com um salto levanto é tão fácil voar
Com o vento, com teima, procuro um lugar
E o tempo e o pranto
Quem os pode parar?
Eu correndo eu cantando eu voando e eu…
Com um salto levanto é tão fácil voar
Com o vento, com teima, procuro um lugar
Será que chegando vou querer ficar?
Passar a serra é chegar por fim
Cheirar a esteva, as pedras
E o mar leva e traz encantos
Marés de sonhos mansos
Não pára de me embalar
Com um salto levanto é tão fácil voar
Com o vento, com teima, procuro um lugar
E o tempo e o pranto
Quem os pode parar?
Eu correndo eu cantando eu voando e eu…
Com um salto levanto é tão fácil voar
Com o vento, com teima, procuro um lugar
Será que chegando vou querer ficar?
Vento me leva !
Carrapateira
I couldn’t believe it
Not even suspect it
That in such a place
Between the wind and my intentions
I saw it and I denied it
I tried to say no
But I found you there
Among that solitude
Não queria acreditar
Nem podia suspeitar
Que ali, entre o vento
E a intenção
Olhei e me neguei
Eu tentei dizer não
Mas eu te encontrei
Nessa solidão.
Um sueste aqueceu
Mudou as mentes e cresceu
Um vento me altera e me tomou
Encarei e me neguei
Eu tentei dizer não
Mas eu te encontrei
Nessa solidão.
Tejo
From up the bridge I look down,
I insist in my secret, surprised
I look down and pretend I’m not afraid
That all this might touch my heart
And I might want to stay…
Luz se esbanjando é natural
Cheiro de foz, a marginal
Despem-se os plátanos anseio
Por meu pedaço meu quintal.
Cor de delícia entardecer
Rio em flagrante vastidão
Cais onde os becos se atrapalham
E apressam tons dessa visão
Da ponte
Me espanto, insisto num segredo
Olhando disfarçando o medo
Desse apego me abraçar
Ficar, querer ficar…
(Olhando a manhã com a)
Luz se esbanjando é natural
Cheiro de foz, a marginal
Despem-se os plátanos anseio
Por meu pedaço meu quintal.
Chuva
(rain)
So protected inside
The wind is shaking my house
But I’m safe and warm inside
Its easy to feel good being here, safeThat cloud its here to stay
It hurts my windows
But this storm doesn’t hurt me
So, today it can get ugly, I don’t care
I wont go out,
I’m not in a hurry to go anywhere
But tomorrow, as my day will need to be dry
This rain will have to stop
Tão protegida
Deste lado abrigada
O vento abana forte
Minha casa aquecida
De dentro é fácil me encantar
Nuvem não passa
E fere a vidraça
Temporal que não me maltrata
Hoje pode apertar.
Não vou sair
Combinar de encontrar
Gotas e gotas rolando
E eu sem pressa de ir
Amanhã como vai estar?
Dentro é demais
Eu quero ficar!
Mas quando tiver de secar meu dia
Chuva você vai ter de parar!
Pela calçada
(sidewalk)
The Portuguese sidewalk,
with its black and white stones arranged in beautiful shapes.
The grey sidewalk of the street I live now, does not make music when I step on it.
It is not polished or colored by the sun.
Steps walk on it but do not make an echo or caress it.
The black and white carpet.
I like to fan it on my balcony.
I hear my name. Who’s calling me?
A calçada cinza tão cinza
Não é polida nem curtida pelo sol
Os passos sapateiam
Mas sem o eco se calam
E na pressa não a afagam
Nódoas de pastilha
Dão cor fingida
Pontos brancos, levianos
E a arte deste manto
Não me comove
Nem me causa espanto.
Tapete a branco e preto
Que arejo na varanda
Da janela escuto o meu nome
Quem me chama?
A calçada fria
Tem jeito fusco
Sem a alegria do que busco
E os sonhos em mosaico
Eles sempre tantos
Vão seguindo um pouco mancos
Tapete a branco e preto
Que arejo na varanda
Da janela escuto o meu nome
Quem me chama?
Da janela escuto o meu nome
Quem me chama?
Quem me chama?
Quem me chama?
Segredo
(Secret)
Someone told me a secret
I do not know who it was
But it told me of how much I have inside
Which I can’t keep still any longerSo I decided to speak it out
I opened the gate
I echoed in the garden’s walls
And as I gathered coal, secrets, dreams and fears
This song arose
Veio e contou-me um segredo
Quem?
Não sei dizer
Me falou que no meu peito
Tem tanto querer
Que eu não posso guardar dentro
Que eu não posso mais calar
Então decidi falar assim
Eu abri o portão
Ecoei nos muros do jardim
Juntei carvão juntei segredo
Os meus sonhos e medos
E ficou esta canção
E ficou esta canção.
Formosa
The Ria gets full the sea feeds it
It floods the ground in my land
Once I’ll go back I will embrace all of this
I’m just not sure when that will be
Sempre abre a barra
Enche a Ria, é o mar
Inunda as terras do meu lugar
Quando voltar hei-de tudo abraçar
Mas só não sei quando será…
Tem cheiro de maré que já vazou
A cor de um barco a motor
E o calor que entra tão no meu peito
Quando imagino tudo o que ficou.
Finisterra
Once I arrive there
We´ll go south, our place
Which is always there
Which never endsThe earth finishes
The sea begins
This is enough for us
Finisterra
Não era a hora
Eu bem que senti
De tão longe e eu vi
Sim, vai ter muito mais
Nem sei dizer
Como é que eu fui saber.
Quando eu chegar aí
Vamos para o sul, o nosso lugar
Vou sim
Que sempre está lá
Que não se acaba
Ondas do norte
Vão-te alcançar
E o mar vai-te salgar
Termina a terra
Começa o mar
Para nós isso chega
Para nós chega
Finisterra.
Mariposa reprise
The doubt makes silence
And mutes the song
But it also carries life
And its echo brings worlds of inspiration.
Devagar bem de mansinho
Procurando o seu caminho
Aguardando e sucumbindo ao temor
Que à noite vem vindo
E a voz que se ilumina
Que demora a acordar
Cambaleia, é menina
E semeia já não quer parar
Se hesita com receio
Não dá conta do seu avançar
É mais forte o seu desejo
E a vontade de caminhar
O silêncio se duvida
Como um grito abafa a canção
Mas é também cheio de vida
E o seu eco uma inspiração.